Sempre pego o bonde andando das séries porque reluto em começar a acompanhar (meus livros estão aguardando por mim há muito tempo já). Então a primeira vez que vi This Is Us (NBC) foi lá pelo terceiro ou quarto capítulo, quando o casal Jack e Rebecca discutiam sobre ter ou não filhos.
Parece não ser uma decisão fácil, como não tem sido para mim. Tento ainda entender a lógica que impulsiona tantos casais a terem filhos e se lançarem em um mundo de incertezas, dívidas e preocupações eternas, viagens escassas e discussões sobre a melhor forma de criar uma criança.
E eu tenho mil teorias sobre como criar filhos, e o Rodrigo já chegou com mil outras. Como conciliar isso tudo sem enlouquecer ou colocar o relacionamento em risco?
Hoje, três anos de terapia depois, começo a reconhecer que meus pais fizeram o melhor possível para mim. Antes só tinha espaço para muitas críticas às suas escolhas. Porque assim são os filhos: eternos insatisfeitos.
Na série, Jack e Rebecca fazem o possível e o impossível para acertar na criação dos filhos. Ao filho adotivo demandam grande esforço para integração. À filha acima do peso, cobrem de elogios e incentivo. O filho mais bem adaptado exige menor esforço, então porque se preocupar tanto?
Resultado: o filho adotivo se torna um perfeccionista sempre disposto a agradar e sair vitorioso de tudo. O filho bem adaptado fica carente de atenção e se torna um astro da televisão. A filha acima do peso se torna autodestrutiva e se sente pressionada pelo excesso de elogios.
E se os pais tivessem agido diferente, os filhos teriam menos dificuldades a enfrentar? Certamente não. Não há educação perfeita e isso me parece assustador: investir tanto na felicidade de alguém e inevitavelmente receber de volta a ingratidão.
Mas ao mesmo tempo é o que mais tem me encantado na série. Pois ainda que existam dificuldades, traumas e sofrimento, é bonito ver como os laços entre pais, filhos e irmãos são construídos. Como o amor prevalece mesmo nos piores momentos (numa família minimamente "ajustada", é bom frisar). E como novas pessoas vão sendo agregadas a esse núcleo e enriquecendo o roteiro da vida.
Parece ser um experiência que vale a pena viver.
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