Alguém me disse recentemente que, quando finalmente a mulher consegue ficar confortável com o próprio corpo, começam a surgir as limitações físicas e sociais. Me pareceu muito injusto simplesmente aceitar esta ideia. Um corpo que envelhece, na nossa sociedade, é um corpo que não pode mais ser exibido. Triste ideia do envelhecimento que precisa ser combatida.
Estabelecer uma relação saudável com ele demanda tempo. Pelo menos para a maioria das pessoas. Não é fácil enxergar o fato de que as exigências que nos fazem são absolutamente irreais. E que, da mesma forma que cultuá-lo excessivamente, é nocivo desprezá-lo.
O momento mágico da mudança vem - ou deveria vir - com a maturidade. Justo quando as “limitações” da idade aparecem, nesse preciso momento, começamos a não nos importar com mais nada. É quando os apelos externos param de ter sentido e voltamos o foco ao que realmente importa.
Comigo ocorreu exatamente assim. Da neura que surgiu na adolescência à busca do equilíbrio na vida adulta, só agora me sinto totalmente confortável para estar na minha própria pele. O medo de me expor e de ser julgada aos poucos está indo embora. É uma estranha e gostosa sensação.
Recentemente me aventurei a fazer um ensaio sensual (as pessoas detestam que eu use essa palavra, mas não me importo com ela) e fiquei muito surpresa com o resultado. Nunca tinha me visto tão à vontade. Até mesmo as fotos sem tratamento me agradaram muito: celulite, estria, flacidez, gordurinha, nada que as fotos explicitaram me incomodou. Me senti muito feminina dentro da minha realidade de mulher. E foi maravilhoso!
Esse ensaio mudou muito a minha percepção sobre mim. Me deu entusiasmo e coragem para ousar - porque, afinal de contas, eu já sabia que nem todos aprovariam a minha exposição. Muitos recearam por meu trabalho ou meu namoro. Mas eu não consegui me livrar da ideia de que muito mais nocivo seria eu continuar com tudo isso se não pudesse ser eu mesma. E, no fim das contas, não sofri nenhum tipo de repreensão!
É muito mais fácil viver quando não somos pautadas pelo medo: de perder o namoro, de perder o emprego, de perder a juventude.
Fiz um acordo comigo de nunca reclamar por estar envelhecendo. Os cabelos brancos estão chegando, as rugas ao redor dos olhos, as mãos com veias mais aparentes. Nada disso tem me causado qualquer tipo de lamentação. Ao contrário. Envelhecer tem sido um presente e pretendo comemorar ano a ano, como fiz ao completar 36.
Me ver cada vez mais mulher com o avançar do tempo é magnífico. Queria que todo mundo pudesse se sentir assim.
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